Capitulo IX.
Um questão de aparências.


Vejo por todo o lado pessoas que envergam máscaras cuidadosamente tratadas como se de uma festa de carnaval se tratasse. Imagino por vezes essa gente desprovida de qualquer capa dissimuladora. Estamos a caminhar para a uniformização de estilos encapuzada pois quem é o que é nunca deixa de o ser. A falsa moralidade mora a cada esquina e a facilidade de condenar determinados tipos de actos existe por todo o lado. Este é um dos extremos e como é lógico existe o outro bastante mais moderado e utilizado por todos nós em pequenas nuances que nos vão permitindo mudar o modo de agir mediante determinadas situações. O politicamente correcto está definitivamente na moda.
Com isto quero dizer que concordo com o politicamente correcto pois apesar de algumas vezes ele próprio se encontrar inadequado às circunstâncias do dia a dia, é ele que nos rege e que nos faz fazer parte de uma sociedade. Com isto estou eu também a ser politicamente correcto. Faz parte da vida e crescemos a aprender a lidar com esta forma de estar que por tantas vezes nos faz engolir sapos do tamanho de bois perante determinadas injustiças que se praticam aqui e ali. Se não o fossemos imagino a selva em que viveriamos. Todos seriamos frontais e não haveriam segredos nem silêncios perante ninguém nem situação alguma. Poderiamos insultar os patrões que nos criticam por não cumprirmos horários ou pelas menos boas prestações, poderiamos cumprimentar correctamente as nossas namoradas na rua simplesmente dando um beijo e rapidamente passar da fase dos preliminares para o último ataque sexual, poderiamos até condenar qualquer crime arbitráriamente nas ruas de Portugal sempre que um condutor não cumprisse alguma regra ou até se alguém nos importunasse sem qualquer motivo aparente. Seria o fim dos arrumadores por exemplo.
Ao mesmo tempo perderiamos uma das maiores liberdades que possuimos... o direito à individualidade. O facto de não podermos ser calados quando dizemos algo que poderá afectar o vizinho do lado por isso ser politicamente incorrecto, confere-nos a maior liberdade de todas. Temos apenas de contornar as palavras agudas e os actos bicudos de uma forma inteligente de modo a fazer passar a mensagem sem que isso seja um ataque provocatório directo a outro recorrendo a palavras não adequadas ou até de baixo nível.
As maiores vitórias foram construidas com base na inteligência e é essa que nos distingue dos restantes animais. Ser racional é ponderar situações, imaginar cenários e seleccionar o caminho que nos serve melhor.
Sejamos por isso e por uma questão de aparências politicamente correctos.

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