Panorama pobre...

É realmente a expressão que me ocorre quando penso em televisão.

Este Sábado que passou, RTP1, SIC e TVI transmitiam simultâneamente com as mesmas imagens e som o evento de inauguração do novo espaço para os peregrinos em Fátima. Não sou católico nem penso em converter-me, mas se pensasse teria mudado de ideias imediatamente vendo este panorama. A RTP1 cumpria o seu serviço público. A TVI cumpria a sua relação próxima com a igreja católica. A SIC, simplesmente metia nojo, aliás como tem vindo a ser apanágio deste canal. Para isso basta ver as Famílias Desesperadas, ou melhor, Famílias Superstar, onde ainda ontem a Merche Romero foi "cantar" com o irmão que por acaso é o manager da carreira da menina, esta que tem andado muito lá por baixo nos últimos tempos.

-"Posso garantir que não será a cantar que lá vais Merchezinha... muito menos a dançar... que figurinha pobre."

Mas pelo menos a SIC pode orgulhar-se por ser a televisão dos desgraçadinhos. Vejam-se as Chiquititas atiradas do horário nobre semanal directamente para as manhãs dos fins de semana. Veja-se o Herman, atirado de um lado para o outro... acho que agora tem um horário fantástico... à 1 hora da manhã de Domingo. Veja-se a Floribela, que tanto quanto sei desapareceu lá para as 18 horas para deixar de incomodar o horário nobre. Agora então dedica-se a passar missas aos Sábados pelo que parece e a repetir programas de entretenimento.As novelas também são várias e consecutivas, além de incluirem agora uma portuguesa, penso que para ir buscar alguma audiência à TVI, televisão essa que quase dispensa comentários. Eu disse, quase:

O programa casamenteiro da TVI é a desgraça total, misturando o Big Brother com o Dança Comigo com o Chuva de Estrelas com a Julia Pinheiro. Ou seja, só pode ser muito mau mesmo. Além deste programa, os noticiários, as novelas, as séries de pseudo-médicos, os intervalos, etc, etc, etc... o meu vocabulário não chegaria para comentar, por isso apenas resta dizer que o botão 4 do meu comando está praticamente novo.

A RTP insiste nos concursos de "má vontade" onde parece haver uma "manipulação" de valores de modo a atrair o tele-espectador mas sem que haja necessidade de gastar essas avultadas quantias nos prémios ganhos pelos concorrentes, por outras palavras, enganando com falsos prémios aqueles que vêm e concorrem a estes concursos, senão veja-se:

A Herança. Este concurso além de horrível era profundamente injusto nas regras, principalmente a partir do confronto dos 2 finalistas. A ultima questão da série de perguntas decidia sempre quem ía à final. Por cada erro cometido ao responder, o adversário automáticamente herdava todo o valor acumulado até ao momento ficando um deles totalmente a zero. Depois disso dava-se o ping-pong indo esse valor de um lado para o outro pergunta após pergunta. Isto faz sentido? Não seria mais lógico que esse valor se mantivesse até final, e só nesse momento o vencedor herdava acumulando esse com o ganho para a final? Na final outro absurdo, as pistas. Aí um concorrente poderia chegar com 500.000 euros. Vamos a contas: Cinco pistas, 50% de possibilidades de acertar em cada uma delas. Por cada erro, menos 50% do valor.
Valor inicial: 500.000€; 1 erro - 250.000€; 2 erros - 125.000€; 3 erros - 62.500€; 4 erros - 31.250€; 5 erros - 15.625€. Valor ridículo não é? Vamos ver o concurso com a emoção dos 500 mil, o gajo começa a errar e aquilo vai por ali abaixo. Engraçado é que invariavelmente isto acontecia em todos os programas, que eram diários diga-se.

Falta acrescentar que as possibilidades implicavam uma dose de sorte mais do que elevada, onde o raciocínio lógico na esmagadora maioria das vezes era totalmente posto de parte. Na resposta final mais uma vez a resposta era quase sempre algo relacionado com as pistas, mas em 2º ou 3º grau de "parentesco" com explicações finais totalmente descabidas e idioticas. Este exemplo é descritivo daquilo a que me refiro. Eis as opções num dos programas, ainda na altura apresentado pelo José Carlos Malato:

1 - Direito/Esquerdo (escolheu esquerdo, era direito),

2 - Pacífico/Atlântico (era pacífico, escolheu a Atlântico),

3 - George Bush/George Orwell (escolheu Bush, errado),

4 - 1869/1969 (escolheu erradamente a segunda),

5 - Richard Gere/Richard Attenborough (escolheu a segunda correctamente)

O concorrente estava neste momento habilitado a ganhar uns míseros 16 mil euros. É só uma questão de fazer contas para chegar ao valor com que começou. Perdido sem saber o que escrever, deixou o cartão em branco. Como o melhor estava para vir, eis a resposta:

"Ghandi"

E ainda melhor que a solução para o "enigma" foi a explicação: Ghandi tirou o curso de DIREITO em Inglaterra, nasceu em 1869, na India tal como GEORGE ORWELL, era PACÍFICO, e teve direito a um filme rodado por RICHARD ATTEMBOROUGH
Não foi acreditem, exemplo único neste programa. No final da análise posso concluir que o melhor é mesmo deixar a televisão de lado pois nem sequer os canais por cabo se safam. Basta fazer contas ao tempo que eles gastam a passar publicidade e auto promoção. Juntando isto ao valor pago mensalmente para aceder a estes canais, tenho tudo dito, acho.

7 Responses to Panorama pobre...

  1. dYn@ Says:
    Não podias ter mais razão!
  2. Anónimo Says:
    Ficou o desabafo.Todavia existe no comando ou na televisão o botão desligar.Porque não utilizá-lo, quando não desperta interesse????
  3. Moby Says:
    Sim sem dúvida, ou então sendo mais drástico... vendo a TV. Tens interesse numa LOEWE Aventos 3981 ZW a bom preço?
  4. Anónimo Says:
    Completamente desinteressado!!!!! Se tivesse alguma oferecia-te para veres 2 canais diferentes ao mesmo tempo!!!!!
  5. Moby Says:
    Eis o protótipo perfeito daquilo que entendo como "comentário desnecessário".
  6. Anónimo Says:
    Tudo é necessário....Tudo faz falta, até o comentário desnecessário....LOLOLOLO
  7. Moby Says:
    Pois então aqui qualquer comentário que faças será sempre desnecessário. És sempre bem vindo a este blogue. ;)